Desejo de aniversário
Enquanto aguardamos o veredicto do CJ da FPF sobre a situação do futebol profissional, sob alçada da SAD, importa lembrar o 106º aniversário do clube, daqui a 4 dias.
O contexto de pandemia que vivemos terá certamente adiado quaisquer ímpetos que existiam de comemorar a efeméride. Totalmente compreensível e, acrescento, correto. Mas, e admitindo que este tipo de festejos possam ser vistos como supérfluos no contexto da gestão de um clube com vários sócios, modalidades, funcionários, atletas e condicionamentos financeiros, não deixo de registar que tem faltado nas últimas décadas algum brio ao Portimonense na forma como se mima, a si e aos seus.
Um clube, seja ele qual for, existe pelos sócios e para os sócios. Os sócios são a génese, o ADN de qualquer associação. É aos sócios que é pedida a tarefa amarga de erguer o clube quando está na mó de baixo e, como tal, são os sócios quem melhor saboreia a euforia de estar na mó de cima. Naturalmente, quem vai e vem em função das marés do futebol profissional estará mais distante deste sentimento.
Se um clube é os seus sócios, quando este cumpre um aniversário, em última análise, é os sócios que estamos celebrar. Os sócios fundadores, os que já pereceram, os que ainda estão por nascer e, acima de tudo, aqueles que, no presente, estão aqui a dar significado à existência do clube. Sem os sócios do presente, o esforço dos sócios do passado é vão. Sem os sócios do presente, os sócios do futuro nunca virão.
Estou convicto de que os esforços em celebrar e homenagear estes sócios têm ficado aquém do que se espera de um clube com a dimensão e importância do Portimonense. Não é preciso recuar muito no tempo para encontrar uma época em que a antiguidade dos sócios era agradecida com uma placa, uma medalha ou um mero reconhecimento.
Não ajuda olhar para outros clubes, uns de menor dimensão, outros em situações financeiras tão ou mais delicadas que a nossa, inclusive dentro do concelho, e ver que, apesar disso, continuam a dar importância a quem é importante. E o Portimonense? Tem anos que sopra as velas numa tímida cerimónia, tem anos que surge uma carta do presidente nas redes sociais, tem anos que nada acontece…
Cumprir aniversário em agosto, antes do início dos campeonatos, poderia ser uma oportunidade para se fazer uma festa digna, com a apresentação do plantel, dos novos equipamentos (ui, isto são contas de outro rosário…), homenagem aos sócios pelos 10, 25 e 50 anos de Portimonense… Coisas que aproximariam a cidade do clube. Como é que uma coisa tão acessível pode soar a um sonho tão distante e ambicioso?
Digam-me vocês: estarei a exigir demasiado do Portimonense e de quem o dirige?