Recordar a Entrevista a Luciano Martins (por Pedro Azevedo “Guetov”)
Recuperamos aqui uma entrevista a Luciano Martins feita pelo nosso Pedro Azevedo “Guetov”, publicada no antigo Blog a 5 de Agosto de 2007.
Merece a leitura, sendo que na altura o Pedro foi, posteriormente, à Finlândia ao encontro do “nosso” Luciano.
Como já havia escrito há uns tempos atrás, foi quase por mero acaso e com muita sorte que encontrei Luciano, jogador do Portimonense dos anos 80 e a residir há largos anos em Lahti na Finlândia. Luciano para quem não sabe foi um excelente avançado que passou pelo Portimonense e contemporânio de Guetov, Skoda, Pacheco, Cadorin, entre muitos outros jogadores que brilharam no melhor período da vida do nosso clube. Pessoalmente foi um dos jogadores que mais me marcou e do qual guardo excelentes recordações. Convidei-o para dar uma entrevista ao Blog do Portimonense que foi imediatamente aceite e temos mantido contacto quase diário via mail. Não acrescentarei muito mais pois penso que as suas palavras dizem tudo, tantas são as recordações e os episódios que tornam este relato algo soberbo e que com toda a certeza agradará a todos os Portimonenses e não só. Segue então a entrevista e mais uns extras.
por Pedro Azevedo “Guetov”
BdP: Depois de ter feito um percurso natural nas Categorias de Base do Grémio e de ainda nos Juniores ter representado o C.E.R. Caxias do Sul, o que o levou a iniciar a carreira enquanto sénior no Futsal?
LM: “Sempre estive ligado ao Futsal. A concorrência no Futebol era muito grande e os contratos oferecidos na época eram terriveis. O Futsal era praticado à noite, dava para estudar e até arriscar um trabalho. Mas de repente surgiu a oportunidade de regressar aos revaldos…não pensei duas vezes e retornei.”
BdP: Com efeito tem um percurso bem original pois jogou na Tailândia. É preciso ver que há mais de 20 anos não era tão vulgar um jogador, por um lado tão novo e brasileiro actuar no Oriente. Como passou do Futsal para a Tailândia, e já agora desta para a Finlândia? Tinha um empresário com bastantes contactos ou não terá sido bem assim?
LM: “Minha ida para a Tailândia não ocorreu através de empresário. Um treinador tailandez foi ao Brasil fazer um curso de treinadores em São Paulo, e lá conheceu um amigo que o levou a Porto Alegre. O tal treinador queria levar para a Tailândia três jogadores. Tinha como objectivo que esses jogadores servissem de exemplo aos demais elementos do plantel. Um amigo meu indicou-me e acabei por ser um dos escolhidos. Ao aproximar-se o fim do contrato com a equipa de Bangkok, eu e um dos outros três jogadores de nacionalidade brasileira decidimos trocar as passagens de retorno para o Brasil por passagens até à Finlândia. Pode ser engraçado, mas é a mais pura das verdades o porquê de termos escolhido a FINLÂNDIA! Basta verem no mapa, a Finlândia lá em cima e o Brasil lá em baixo… No Brasil tem um ditado que diz : “Para baixo todos os Santos ajudam””
BdP: Chega a Portimão em Outubro de 1986, vindo da Finlândia. Mais um avançado alto e loiro no futebol português dos anos 80, mas este apesar de vir de um país nórdico, fala a nossa língua. Conhecia o Portimonense?, quem o referenciou? foi fácil chegar a acordo? Assinou por quantos anos?
– contra o Sporting: o golo foi uma jogada bem trabalhada que acabou em desgosto no final com o empate marcado por Peter Houtman.
– contra o F.C.Porto: um golo com uma pitada de muita sorte… O Skoda tentou cruzar da esquerda, a bola enganou Zé Beto, bateu na barra e voltou. Eu todo desiquilibrado coloquei para dentro. Depois do golo nem lembro de ter tocado na bola pois só defendemos. Esta partida marcou-me pelo abraço do Alain no final, as lágrimas de alegria corriam nos nossos olhos…
– contra o Benfica: O Pacheco chutou… Silvino defendeu tendo a bola percorrido a linha de fundo e eu bati quase sem ângulo… golo ! Gente, que silêncio medonho! Foi o maior prazer quando corri para festejar passando en frente do banco do Benfica tendo quase tropeçado no nariz do John Mortimore (ele tinha um nariz de dar inveja ao elefante!)… Caras de espanto vemelhas e muita alegria Marafada. Fiquei a saber por um amigo finlandês que passava férias em Portimão que quando fiz o golo na Luz os carros soaram as buzinas em Portimão tendo ele perguntado a alguém o que tinha acontecido. Quando soube que eu tinha marcado também saiu gritando pela rua… Eu até me arrepio sempre que me lembro desse golo.”
Outro episódio muito engraçado aconteceu no Estádio: estávamos sentados no relvado depois de um treino. Paulo Roberto falava de como deveriamos chegar forte no combate com os adversários. O mister tentando fazer uma demostracão deu uma porrada no tornozelo do funcionário que tratava do relvado… O pobre coitado teve que ser levado ao Departamento Médico! Pessoalmente nunca tive nenhum problema com o Paulo Roberto, mas acho que todos tinhamos um pouco de medo dele e não acho que aquilo que aconteceu na Luz, ele andando de joelhos era show, como referi anteriormente, o gajo era muito maluco e ao mesmo tempo muito folclórico.”
Paulo Roberto: Mais general do que treinador, suas palavras e treinos eram similares ao de combatentes que iriam para guerras.
José Torres: Grande filósofo e muito bom sonselheiro. Tinha um plantel muito bem estruturado.
Quinito: Treinador que falava a linguagem dos jogadores. Seu unico erro foi em ter-me deixado de fora nalgumas partidas, optando por Kashmerov…
Manuel de Oliveira: Treinava como fazia comentários na RTP, muito didático e com sistemas muito antigos, mas como se costuma dizer, aprendi muito com a sua experiência!
Luis Joubert: O feitos dele do outro lado do Atlântico não o ajudaram nada em Portugal. O professor Saldanha, seu preparador físico era muito competente. Sem saber nada acerca do Futebol português foi para o Portimonense uma perda de tempo e dinheiro.
Carlos Alhinho: Quando Alhinho chegou a Portimão eu estava para rescindir contrato e quase indo para o Farense de Paco Fortes. Foi a pedido do Alhinho que entrei novamente em paz com a Direção e comecei a jogar novamente. Era um bom treinador, muito educado. um verdadeiro gentlemen.”
Augusto: Estava no começo da sua carreira quando cheguei a Portimão e quando fui para a Alemanha ele foi para o Benfica, acabando por retornar a Portimão mais tarde.
Alain: Foi um grande companheiro dentro do campo, talvez no começo a atmosfera entre nós não fosse das melhores pois disputavámos a mesma posicão. Quando saímos com destinos diferentes sempre dava um prazer em encontrá-lo. Tinha um sotaque muito engraçado e em 86 fazia misérias com aquele Opel Kadett vermelho!
Pacheco: Saíu juntamente com Augusto rumo ao Benfica. Foram dos pés dele que nasceu aquele golo, Pedro, do qual tanto gostamos (1-1) lá na Luz. Quando o Benfica foi disputar contra o Stuttgard a final da Taça U.E.F.A. fui visitá-lo ao Hotel e estive no Estádio para prestigiar o nosso Pachequinho Marafado e vê-lo marcar um dos penaltis.
Simões: Grande zagueiro e um dos membros daquele que para mim foi um dos melhores plantéis do Portimonense de todos os tempos. Já no Rio Ave, aquando da abertura do Campeonato da IIª Divisão de Honra 91/92 foi meu o golo no 0-1 contra o Academico de Viseu. Só marquei nesta partida porque o Simões estava no banco como Treinador e não em campo!
Nivaldo: O careca mais amado deste mundo! Com Nivaldo não havia dias ruins, apresentava sempre uma óptima disposicão e talvez por isso era visto como um irmão mais velho para todos nós. Sua familia também se tornou na minha família. Que saudades da Aninha e do Rodrigo. Entre os problemas que levaram o Portimonense a descer de divisão naquele ano foi a falta que o NIVALDO fez!
José Carlos: Grande lateral, muito alegre e extrovertido. O pessoal zombava, afirmando que a que a sua condiçaõ física retumbante era devida ao seu nariz com um grande poder de aspiracão! He, he! Foi um prazer jogar com ele.
Aurélio: Grande zagueiro, chegou da Madeira para o Portimonense. Carioca dos bons e Vascaíno doente. O Aurélio esteve nos juniores do Vasco com o Romário. Era com o Aurélio que conseguíamos quebrar as tristezas. Fazíamos muitas palhaçadas juntos. O Aurélio gostava muito de falar com as sílabas de trás para a frente! “tarcor o lobeac uov ue!” ( Eu vou cortar o cabelo!) Eu e o Major praticávamos e batíamos grandes papos de traz para diante!
Floris: O holandês mais Olhanense que já nasceu! Chegou de uma maneira muito fora do vulgar a Portugal, como marinheiro e foi um dos melhores médios que passaram pelo Portimonense. Além disso era um gajo muito fixe, pá!
Sorensen: Não tive a oportunidade de jogar com ele pois quando retornei ele já era adjunto de José Torres, mas tinha um bom relacionamento com ele.
José Pedro: Muito rápido e uma calma medonha fora e dentro do campo. Era, como o Skoda, uma pessoa muito calada. Nosso relacionamento era muito bom. Na penúltima partida do ano com Zé Torres, estávamos a perder 1-0 em casa, saí do banco para lhe fazer o passe para o 1-1 e depois ele retribui, passando para eu marcar o 2-1.
Major: Hilton Hiraldo da Costa. Em todos estes anos talvez o meu melhor amigo! É sempre uma pena a distância e a perda de contacto. Com o Major passei os melhores momento em Portimão. Lembro-me quando ele comprou o seu Renault 5 e eu patrocinei enchendo o tanque pela primeira vez. Ele retribui quando encheu o tanque do dois cavalos. Como tinha tirado a carta de condução naquela época, era um verdadeiro perigo! Espero que ele leia esta entrevista e entre em contacto comigo esteja onde estiver!
Vado: Grande amigo! Sabia jogar como um maestro. Grandes momentos passámos juntos no Alvor onde nos esncontravámos com frequência: A turma da imperial com groselha! Fica aqui um relato com muita emocão. Quando o Vadinho recebeu seu primeiro salário como profissional lembro-me que ele comprou para o irmão uma viola eléctrica e d um equipamento de som para que este pudesse seguir melhor a sua carreira como músico! Fica aqui o meu abraço e a minha grande admiracão ao Galinho de Angola!
Cadorin: Pelo que pude constatar em vídeos e notícias, na minha opinião foi o melhor jogador do Portimonense de todos os tempos! Não fui talvez muito bem aceite por ele, pois a minha vinda para Portimão deveu-se ao facto dele ter sofrido aquele terrível acidente! Fico muito triste por ele não estar mais entre nós e fica aqui o meu respeito e admiracão por este grande jogador.
Guetov: Foi uma escolha dificil entre ele e o Serge Cadorin para o título de melhor jogador do Portimonense de todos os tempos. O Guetov, com certeza foi o melhor jogador com quem tive a oportunidade de jogar. Eu gostaria muito de poder jogar ao lado dele outra vez, mesmo agora com os meus 44, eu e Guetov faríamos muita fumaca! Os livres que ele marcava eram uma obra de arte. Seus dribles e sua técnica eram de dar inveja a qualquer estrela em campeonatos mundiais. Portimão deve estar orgulhosa de um dia, um jogador do gabarito de Guetov ter vestido a camisola do Portimonense!
Zé-Tó: Prata de casa, disputávamos posicão mas nunca tivemos nenhum conflito. Fiquei a saber que se formou em educacão fisica e foi preparador do Portimonense mais tarde, com Amilcar. Muito fixe, e aquela pernas como as do Garrincha davam dribles descontrolantes.
César Brito: Avé César, uma velocidade impressionante e um grande poder de finalizacão. Tal como Guetov, fomos muitas vezes companheiros de quarto nos estágios, muito engraçado. Foi muito bom jogar com ele.
Bezinski: Quando estive no Homburg fizemos uma partida amigável contra a Selecão da Bulgária e Bezinski estava no plantel. Alguns meses mais tarde seráiamos companheiros de equipa em Portimão. Entre os Bulgaros daquele ano talvez o mais aberto, e talvez por isso, com quem tinha mais contato. Grande médio com um estilo muito parecido com o de Dunga (actual selecionador Brasileiro). Bezinski estava no plantel do Portimonense que desceu para a IIª Divisão na época 91/92. Lembro-me na partida na Vila do Conde contra o Portimonense vê-lo muito abatido e com muita preocupacão estampada na face. Mesmo com a vitória do meu Rio Ave, não foi uma coisa de dar muita alegria sentir a tristeza estampada na face dos meus ex-colegas.
Voinov: Um jogador muito estranho, poderia vingar ainda mais no Futebol Português não fosse o seu estilo de vida. Só o via comer sandes! Tinha uma canhota maravilhosa e era muito protegido por Guetov. Foi muito bom jogar com ele também. Talvez pelo facto de termos quatro estrangeiros, por vezes o ambiente ficava um pouco pesado. Eu nunca tive problemas com isto e pelo que notava o Guetov também ficava contente com a minha convocacão.
Adalberto: Miudo de Lisboa, que veio para os júniores do Portimonense tentar a sua sorte. Ele recebeu muito apoio meu e do Major. Emprestavámos uns escudos, etc. Lembro-me que quando fomos comprar a aparelhagem de som, deixei na loja cheques meus. No final do mês ele ia à loja, pagava e devolvia-me os cheques. Fiquei muito triste por saber o que aconteceu com ele, sempre desejava um final mais feliz para a sua vida. Deus o tenha em paz, fica guardado na minha memória os bons momentos que passámos com ele dentro e fora das quatro linhas.
Palecas: Filho de peixe, peixinho é… Seu pai foi um grande avançado (Nota do Autor: o seu pai era Valter Ferreira, ele também um antigo jogador do Portimonense e uma das figuras mais carismáticas o Futebol Português) e vivemos momentos muito bons. Lembro-me muito bem de recebermos autorizacão de Quinito para irmos a lisboa ver o concerto dos Bon Jovi! Foi espectacular. Eu Justiniano, Palecas. Até o Kashmerov foi. Ficámos rindo o tempo todo pois Kashmerov gritava o tempo todo: “AMERICA; AMERICA!”, talvez influenciado pela Perestróica! Quando estava no norte fiquei a saber atravês do Chico Zé que o Palecas teve um acidente quase fatal em Albufeira. Valeu a presenca de Paulo Futre que estava no local e chamou o helicóptero. Não fosse o Futre, as coisas poderiam-se ter tornado bem piores! Muito boas recordacões deste bom jogador e bom amigo, ao mestre Palecas, meu abraco!
Alguns outros nomes: Chico Zé, Alberto, Figueiredo, Sérgio, Mendes, Barão, Dinis, Varela, Mazola, Guerreiro, Paulinho, Jorge “Gaivota”, Leonardo, Pires, Magno (grande figura!), Rui Manuel, Padinha, Texeirinha, Zé Alhinho, Goncalo, Carrilho, os irmãos Reina, Luís e João, Justiniano, Caldeira, Diop, Karim, Carvalho. Se me esqueco de alguém peço perdão. Todos estes nomes ficaram sempre guardados na minha memória.”
LM: “Seria difícil encontrar somente um ponto específico ou somente uma pessoa em especial. Mas acho que se cruzasse outra vez a ponte velha e sentir novamente a sencacão de estar a chegar a casa. E também se o Major estivesse ainda por aí, com certeza convidaríamos o Vadinho para irmos novamente ao Alvor beber umas imperiais com groselha em memória do Adalberto!”
BdP: Que tal um dia voltar a pisar o relvado do velhinho Estádio do Portimonense?
LM: “Quando menos esperarem, apareço por aí, prometo… Mas saibam caros amigos que eu piso no relvado do Portimonense muitas vezes nos meus sonhos… E quase sempre marco o golo e vou-me pendurar nas grades uivando de alegria com a claque MARAFADA !”
BdP: Tem acompanhado o Portimonense ao longo dos anos?
LM: “Sim acompanho via internet e até já enviei várias mesnsagens, mas nunca obtive qualquer ersposta. Vi até uma vez uma foto de um encontro de ex-jogadores para o aniversário do clube.”
BdP: Uma opinião sobre o Blog.
LM: “Nunca imaginei que algum dia seria tão importante na vida de alguém. As tuas palavras, Pedro, encheram-me de emoção. Sempre sonhei em tornar-me um dia profissional de futebol, mas nunca imaginei na minha infância, que chegaria tão alto. Contaste a história dos bastidores daquele golo que marquei contra o Benfica. Aquele golo fez de ti mais um adepto Portimonense! Hoje, tu e os teus companheiros estão dando um show de bola com o vosso Blog e tu Pedro Azevedo (Guetov), hoje neste momento, é que és meu FÃ !
O MEU MUITISSIMO OBRIGADO AO BLOG DO PORTIMONENSE!”
BdP: Gostava de deixar uma palavra para alguém em especial?
LM: “Major ! Perdoa-me pela minha ausência, um dia ainda nos encontraremos, estás sempre no meu pensamento e em minha oracões. Espero do fundo do meu coracão que tudo esteja bem contigo!”
BdP: Para finalizar uma mensagem para todos os Portimonenses.
LM: “Malta Marafada do Barlavento: Imaginem o nosso Portimonense de volta à Primeira Liga! Isso só será possível com a juda e a união de todos. Acredito que em Portimão existam pessoas e empresários que possam levantar a Águia Preta e Branca novamente aos escalões principais do Futebol Português. O que seriam alguns euros mensais de cada um dos habitantes desta maravilhosa cidade?
Salve Portimão… Salve Portimonense!
Obrigado a todos do fundo do meu coracão!”
Luciano Luis Turconi Martins
Extra: Alguns comentários bem engraçados:
“Seu Rebelo é todo marafado e o falecido Mira, muito boa pessoa também… Nas viagens ele dormia logo no primeiro arranque e só acordava quando freiávamos em frente ao hotel.”
“Zé Manuel Proença gosta muito de uma garrafa de Alvarinho bem fesquinha e ficava tão fodido quando lhe chamávamos CHINÊS !”
“Tinha um roupeiro que era uma pessoa maravilhosa que não consigo lembrar o nome!”
“Alguém já te contou sobre o “MÁ FÉ”, o motorista da carrinha da Câmara que nos levava do Estádio ao campo de treinos? Era uma alegria imensa. jogávamos meias na cabeca dele e ele parava a carrinha e saía com aquela azia.!
“E quando eu comprei o Citroen Dois Cavalos. O pessoal aprontou cada uma. Uma vez eles botaram lenha por baixo dele e tiraram as rodas depois do treino da manhã. Após o treino da tarde devolveram as rodas mas faltavam os parafusos. No dia seguinte deram-me depois do treino tudo mas quando eu fui sair com o carro ele estava com a capota aberta e cheio com a lenha da caldeira.”
“Muita festa e muita alegria mesmo com salários atrasados e cheques sem cobertura!”
“Às vezes a carrinha atrasava e eu levava onze jogadores no pobre citroen, o esconda gostava de ir de pé em cima do pára choques traseiro segurando-se no vidro de trás. O citroen foi comigo até Vila do Conde e só o vendi pois retornei à Finlândia, vendi-o a um colega do Rio Ave, o Quim.”
“Ainda tenho todos o cd’s que comprei na loja “Amarelo e Preto” com etiquetas e tudo.”
Tem um guarda-redes aì da terrinha chamado Jorge, um gajo muito engraçado que detestava que o chamassem de “gaivota”! Ele era uma pessoa da qual pode-se dizer de folclórica.”
“O restaurante onde comia muito chamava-se Balão Doce? Tinha a gelataria Bela Italia na praca no centro. O Restaurante Cletonina, na praia da Rocha, o Chês do Beni também na Rocha. Que saudades!”
“Saudades de dar uma pescadinha no Arade, com uns ciganos que estavam sempre no mesmo local, atrás de uma estação de servico, estacionava o Diane sempre que tinha tempo para jogar umas chumbadas.”
“O Dois cavalos tinha o marcador do tanque de gasolina quebrado, muitas vezes a gasolina acabou, eu até tinha uma garrafa de reserva na mala. Em Vila do Conde passei o maior trabalho com ele pois era difícil fazer pegar no Inverno. Vivia empurrando para pegar, até a Rosa Mota uma vez deu uma mãozinha para empurrar o danado junto com outros atletas. Eu morava num apartamento na Avenida Brasil e eles estavam fazendo uma corridinha por lá!”
Um grande obrigado ao Luciano por toda a informação prestada e pelo carinho com que fala do Portimonense e de Portimão. Ele personificou sem margem de dúvidas o ser-se Portimonense. Sem mais comentários, a entrevista fala por si.
Link da Reportagem na Finlândia